A História da Hidroginástica por José Cléber: A Revolução dos Exercícios Aquáticos
01/10/2024
Voltemos no tempo a alguns milhares de anos atrás. Imagine o momento em que o primeiro Homo sapiens caiu na água. Ele sentiu a temperatura, a densidade, a força de empuxo e a pressão hidrostática, provavelmente se debateu bastante, talvez até tenha se afogado. À medida que a humanidade avançava, o ser humano começou a observar os animais nadando e, a partir daí, passou a imitar seus movimentos, criando o que hoje conhecemos como "natação".
Séculos mais tarde, atividades aquáticas começaram a ganhar novas formas em diferentes culturas. Os romanos, por exemplo, já utilizavam as termas para promover a saúde e o bem-estar. No Japão e na China, alguns movimentos e massagens eram feitos em banheiras e piscinas, enquanto na Hungria, França e EUA, outras formas de exercícios aquáticos começaram a surgir.
Nos Estados Unidos, essas práticas variavam entre ginástica aeróbica na água (hidrobics), musculação (hidropower) e até treinamento para corridas dentro d’água (deep water running). Mas nenhuma dessas técnicas estava alinhada com os principais objetivos do introdutor e criador da palavra "hidroginástica", o Professor José Cléber.
José Cléber estudou profundamente as atividades aquáticas ao redor do mundo, mas buscava algo mais. Sua visão era criar um método que respeitasse a individualidade de cada aluno, observando as características do fluido e a relação entre o aluno, a água e o professor. Ele acreditava que a água, por si só, já oferecia benefícios suficientes, sem a necessidade de equipamentos ou música que alterassem o ambiente. Em vez disso, ele optou por enfatizar a sonoridade natural da água, que tranquiliza e acalma o sistema nervoso central.
A história da criação da hidroginástica teve início em 1979, quando José Cléber decidiu fazer um curso de mergulho. Sem dinheiro para pagar um curso no verão, ele optou por uma versão mais acessível, em pleno mês de junho, com aulas práticas realizadas em uma piscina fria. Sem condições de comprar uma roupa de neoprene, ele passou a realizar exercícios debaixo d’água para se manter aquecido.
“Em 22 dias, perdi 6 quilos, mesmo sem estar gordo. Comecei a questionar o que havia acontecido, já que não havia mudado nada na alimentação", relembra Cléber. Essa experiência despertou nele o interesse de aprofundar seus estudos sobre o impacto da água no corpo e, com o tempo, ele foi desenvolvendo o que hoje conhecemos como hidroginástica.
No início, o método foi batizado de "Hidra Gym", mas logo foi rebatizado como "hidroginástica". Alguns colegas de profissão disseram que o nome não era bom, mas a mídia acabou popularizando o termo. "Acho que eles se enganaram", brinca Cléber.
Com a divulgação feita pela mídia, o nome hidroginástica se espalhou por todo o Brasil e até rompeu barreiras internacionais. No entanto, muitas vezes, apenas o nome foi adotado, enquanto a técnica original de José Cléber foi distorcida. Muitos profissionais começaram a utilizar técnicas de ginástica convencional fora d'água com equipamentos terrestres na água. Embora alguns desses equipamentos criados para a água sejam úteis, Cléber acredita que seu uso deve ser feito com cautela, especialmente para atletas, pois isso pode comprometer os benefícios naturais da água.
Imagine tentar escrever com uma pá de lixo ou saltar de um avião com uma mochila de camping em vez de um paraquedas. A princípio, parece possível, mas está longe de ser a maneira correta de atingir o objetivo.
Hoje, muitos professores aprenderam com José Cléber a verdadeira metodologia da hidroginástica, e aqueles que a utilizam estão alcançando resultados significativos e duradouros em seus alunos. A hidroginástica, como desenvolvida por Cléber, continua sendo uma prática revolucionária, capaz de transformar não apenas o corpo, mas também a mente.